Veja os fatores que podem ter contribuído para a baixa dos números


Se por um lado, muitas pessoas criticam a qualidade do entretenimento que o Big Brother Brasil proporciona para população brasileira, por outro não dá para negar que este é o programa que salvou a TV Globo financeiramente nos últimos anos.

Na última edição, o BBB 23 conseguiu angariar de seus patrocinadores mais de um bilhão de reais, batendo recordes comerciais, não só na TV tradicional, mas também no Globoplay, Gshow e G1. Foi a edição que mais teve patrocinadores, totalizando 13 marcas: Amstel, McDonald’s, Pantene, QuintoAndar e Seara renovaram a parceria com o programa. Já Ademicon, Downy, Hypera Pharma e TikTok evoluíram de ações de conteúdo na edição de 2022 para patrocínio em 2023. Esportes da Sorte, Mercado Livre, Pague Menos e Stone foram marcas estreantes nesse ano.

Porém, os números dessa edição não foram tão animadores: segundo o site Notícias da TV, o BBB 23 ficou abaixo das médias das outras edições mais recentes, abaixo até mesmo da edição BBB 19, que foi considerada a mais malsucedida em audiência até hoje. BBB 23 (19 pontos parcial); BBB 22 (22,8); BBB 21 (28,2); BBB 20 (25,1); BBB 19 (20,3).

O número de votos na final da também foi bem menor. Na edição de 2023, foram cerca de 76 milhões, contra 730 milhões em 2022 e 633 milhões em 2021.


Mariana Munis, Pofessora de Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie – Campinas, refletiu por qual motivo os números baixos tornaram-se uma realidade para o BBB 23. No meu ponto de vista, existem diversos fatores que podem contribuir para baixa audiência do programa, os quais listarei na sequência:


1. Curiosidade por um novo formato e pandemia por Covid-19: em 2020, a audiência foi grande, devido a curiosidade dos espectadores e da novidade de ter pessoas famosas no camarote e, na metade do programa de 2020, fomos pegos de surpresa por uma pandemia mundial (covid-19), o que fez com que as pessoas ficassem mais tempo dentro de casa e tivessem como uma opção de lazer assistir ao BBB; em 2021 e 2022, as pessoas ainda encaravam a pandemia e, pós-pandemia, observa-se que as pessoas querem viver, sair de casa, deixando consequentemente de acompanhar o programa. Como as pessoas voltaram para suas rotinas foras de casa, muitas chegam cansadas e não querem ver o programa.

2. Os nomeados ao camarote desse ano são menos famosos que os de anos anteriores (exceto Fred, do Desimpedidos, MC Guimê e Aline Wirley, ex-Rouge), trazendo menos espectadores para assistir ao programa pela TV. Por outro lado, ter "famosos mais anônimos" pode ser uma boa estratégia ao programa, para que os participantes tenham menos medo do cancelamento e joguem mais, sem medo de se expor;

3. As pessoas querem “gente como a gente”: o formato Pipoca e Camarote já está saturado. Muitos queriam o retorno de um BBB com pessoas anônimas, que se entregam mais para o jogo;

4. A edição passada foi um "fiasco", do ponto de vista de engajamento das pessoas. Logo, gerou-se menos curiosidade por parte dos espectadores para ver o programa de 2023;

5. Baixa audiência de “Travessia”, fazendo com que menos espectadores prolonguem sua experiência na TV assistindo ao BBB após a novela;

6. Além do mais, nota-se que essa baixa de audiência também é perceptível no engajamento do público na Internet: embora as pessoas tenham se simpatizado com o elenco diverso, que promete um enredo cheio de confusões e histórias e têm se engajado com o programa, criando memes, gostando e odiando alguns personagens, provas e festas, nota-se que há menos engajamento que nas edições passadas;

7. Personagens fortes, com grandes narrativas e que jogavam “pra valer” foram eliminados antes do tempo, tornando a final novamente previsível, assim como a final de 2021 e 2022.


O que o BBB poderia fazer para inovar no próximo ano, pois esse formato já está saturado?


1. Repensar o sistema de votação: substituir “quem você gostaria que saísse?”, por “quem você gostaria que ficasse?”. Isso faz com que a torcida se dedique a salvar o seu participante favorito, tornando a competição menos óbvia e fazendo com que a final se torne mais emocionante. O sistema “voto por CPF” creio que será difícil de ser acatado pela Globo, pois esta gosta de mostrar seus números para os patrocinadores, porém seria muito mais justo esse sistema de voto e acabaria com os mutirões de fã clubes, reduzindo também o engajamento das pessoas nas mídias sociais.

2. Repensar os 3 meses de programa: eu entendo que o BBB quer angariar patrocinadores para 3 meses de atração, mas o formato está cansativo — a geração Z já não tem mais paciência para acompanhar um programa tão longo e a fórmula atual do BBB está envelhecendo com o público. Faria sentido uma edição com menos pessoas, mais dinâmica, com provas de eliminação duas vezes por semana. Isso poderia abrir espaço para ter duas edições por ano, por exemplo;

3. Repensar o formato Camarote versus Pipoca: entendo que os camarotes, por terem muitos seguidores, trazem sua audiência para assistir ao programa. Porém, por conta do cancelamento, muitos têm medo de se expor dentro da casa e deixam de se entregar verdadeiramente ao jogo. Seria interessante repensar nesse modelo de casting de participantes.


Vamos acompanhar quais serão as mudanças para o próximo ano e quais serão os patrocinadores que apostarão no BBB 24.